Introdução
O género torna-se hoje um instrumento de
emancipação, em que as mulheres e feministas procuram conquistar um espaço
considerável socialmente na sociedade, trata-se também de políticas
estratégicas que procuram fazer face as necessidades internacionais, de dar
poder a mulher, não o retirando do homem, mas sim, equilibrando-o. É em termos
deste género que pretende-se debruçar no presente artigo, nortear as ideias e,
a partir da literatura, responder o seguinte questionamento: Como a
Conceitualização do Género pode Libertar a Mulher Moçambicana?
A
Conceitualização de Género como Categoria de Libertação da Mulher
Ser mulher e ser homem são os dois pólos socialmente
criados em torno do género, não significando assim, conceptualizações
biológicas. Para Scott (1995), constitui a toda forma de interacção social
baseada nas "relações de poder". Pode representar ainda a
organizações sociais de relações entre sexos, como também, pode indicar como a
socialização dos papéis sociais dos homens e mulheres são construídas
socialmente.
Para Heilborn (1991), género é o conceito das
ciências sociais que se refere a construção social do sexo. Existindo sim para
distinguir a dimensão biológica da social. O raciocínio que sustenta diferença
baseia-se na ideia de que há machos e fêmeas na espécie humana, mas a qualidade
de ser homem e ser mulher é realizada pela cultura. Em Young (sd), o conceito de género envolve um
conjunto de ideias, comportamentos (ideologias ou praticas materiais). O uso do
conceito envolve a operacionalização social e não biológica, e evita categorias
de senso comum a favor de uma aproximação relacional.
Através da definição de Scott (1995), pode se
verificar que é colocada nas relações sociais a partícula poder, este que se
demonstra como indicador chave da existência do género socialmente construído. E
poder pode ser percebido, primeiro,
na perspectiva de Weber (2005), como a probabilidade de impor a própria vontade
dentro de uma relação social, mesmo contra a resistência do sujeito passivo,
seja qual for o fundamento dessa probabilidade. E por essa, pode haver a
coerção, recorrendo a uma gama de meios. Segundo,
na perspectiva de Foucault como algo que existe em toda parte, não que engloba
tudo, mas porque vem de toda parte. Exerce-se ainda a partir do primeiro número
de pontos e um mecanismo de relações não igualitárias.
Para a igualdade vs diferença, Scott (2000),
encontra a teoria pós-estruturalista para aprofundar suas análises feministas.
Esta, demonstra-se uma teoria que melhor permite ao feminismo romper o esquema
conceitual das velhas tradições filosóficas ocidentais, que têm construído o
mundo de maneira hierárquica, em termos de universos masculinos e
especificidades femininas. Destaca que se precisa de teorias que permitam
articular modos de pensamentos alternativos sobre género e que não busque
simplesmente reverter ou confirmar velhas hierarquias.
Ressalta não ser a única, porém a que possui
instrumental mais adequado e satisfatório para a análise das construções de
significados e relações de poder, como também a que questiona as categorias
unitárias e universais, tornando históricos conceitos que normalmente são
tratados como naturais ou absolutos. Dessa forma, o pós-estruturalismo e o
feminismo compartilham uma certa relação crítica diante das tradições políticas
e filosóficas estabelecidas, e explorar essa relação, parece valioso.
Considerações
A conceitualização do género pode libertar a mulher
moçambicana sim, através de vários indicadores, mas que aqui centramo-nos em
dois: na educação que contempla uma hierarquia de valores e oportunidades de
trabalho focado em mulher.
Pode se verificar que nas relações sociais o género
é socialmente construído tendo em conta o poder. E em muitas sociedades o
género feminino é subjugado pelo masculino devido a este poder que se transmite
socialmente de geração em geração, colocando por vezes, em risco o género
feminino, quando aplicado em doses altas. E sendo transmitido na mesma linhagem
masculina este poder, pode se verificar que o empoderamento da linhagem
feminina deve conter uma valoração diferente da do masculino, visto que este
ultima é transmitido na masculinidade. Portanto, torna-se necessário pensar-se
em indicadores diferentes para a libertação da mulher moçambicana, partindo
duma educação que contemple uma hierarquia de valores que a possibilitem
mobilidade social ascendente nos meios rural e urbano.
Tais indicadores devem ter em consideração as
oportunidades de trabalho focado para a mulher, onde a mulher pode ser
capacitada em matérias de liderança e seja capaz de comandar homens,
transmitindo assim a experiencia de que as mulheres tem capacidades. Em todos
níveis sociais, económicos e políticos que sejam difundidos informações
educativas atinentes a igualdade de género na sociedade, demonstrando que não
se trata de retirar o poder na linhagem masculina, mas sim, de igualdade de
género, esta que pode trazer sustentabilidade no seio familiar, da sociedade ou
comunidade, da nação e do mundo.
Este empoderamento da mulher deve ser proporcionado
pelo Estado através de suas políticas, instituições, sector privado, organismos
internacionais, sociedade civil, bem como a própria sociedade moçambicana. E a
esta mulher que seja claro que o poder é um bem precioso e que dificilmente
ser-lhe-á transmitido sem a superação de obstáculos.
Referências bibliográficas
HEILBORN, Maria L. Género:
Uma breve introdução. In: Género e Desenvolvimento Institucional em ONGs.
Núcleo de Estudos Mulher e Politicas Publicas, IBAM, 1999.
LOURO, Guacira L. Nas Redes do Conceito de género. In: Lopes at all. Genero e
Saude. Porto Alegre, Artes Medicas, 1996.
SCOTT, Joan W. Preface a gender and politics of history.
Cadernos Pagu, nº. 3, São Paulo 1994.
____________. “Género: Uma Categoria Útil para a Análise Histórica.” Traduzido pela SOS: Corpo e Cidadania. Recife, 1990.
WEBER,
Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo, Editora
Presença, Lisboa, 2005.
YOUNG, Kate. Género
e Desenvolvimento: Uma aproximação relacional. S/e, sd.
Sem comentários:
Enviar um comentário