sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Visao de P. Bourdie em relacao a concepcao Sociologica do problema dos jovens

Em uma entrevista, P. Bourdieu respodeu a seguinte questao: Como o sociólogo aborda o problema dos jovens?
- O reflexo profissional do sociólogo é lembrar que as divisões entre as
idades são arbitrárias. É o paradoxo de Pareto dizendo que não se sabe em que
idade começa a velhice, como não se sabe onde começa a riqueza. De fato, a
fronteira entre a juventude e a velhice é um objeto de disputas em todas as
sociedades. Por exemplo, há alguns anos li um artigo sobre as relações entre os
jovens e os notáveis na Florença do século XVI que mostrava que os velhos
propunham aos jovens uma ideologia da virilidade, da virtú e da violência, o que
era uma maneira de se reservar a sabedoria, isto é, o poder: Da mesma forma,
Georges Ouby mostra bem como, na Idade Média, os limites da juventude eram
objeto de manipulação por parte dos detentores do patrimônio, cujo objetivo era
manter em estado de juventude, isto é, de irresponsabilidade, os jovens nobres que
poderiam pretender à sucessão.
Encontramos coisas muito semelhantes nos ditados e provérbios ou, mais
simplesmente, nos estereótipos sobre a juventude, ou ainda na filosofia, de Platão
e Alain que designava a cada idade uma paixão específica: à adolescência o amor,
à idade madura a ambição. A representação ideológica da divisão entre jovens e
velhos concede aos mais jovens coisas que fazem com que, em contrapartida, eles
deixem muitas outras coisas aos mais velhos. Vemos isto muito bem no caso do
esporte, por exemplo, no rugby, com a exaltação dos "bons rapazes", dóceis
brutaIhões dedicados à devoção obscura da posição de "avantes" que os dirigentes
e os comentadores exaltam ("Seja forte e cale-se, não pense"). Esta estrutura, que
é reencontrada em outros lugares (por exemplo, na relação entre os sexos) lembra
que na divisão lógica entre os jovens e os velhos, trata-se do poder, da divisão (no
sentido de repartição) dos poderes. As classificações por idade (más também por
sexo, ou, é claro, por classe...) acabam sempre por impor limites e produzir uma
ordem onde cada um deve se manter em relação à qual cada um deve se manter
1 Entrevista a Anne-Marie Métailié, publicada em Les Jeunes et le premier emploi, Paris, Association
des Ages, 1978.
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2 comentários:

  1. Ola Agnaldo. Gostei da iniciativa, foi boa. Pelo menos iremos conversar e trocar ideias sobre o nosso rumo intelectual. Abraxos e muita forca e criatividade.
    Neto

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  2. E tu o que dizes sobre a entrevista??????

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